domingo, 1 de agosto de 2010

O fim da União Soviética: causas e conseqüências.

Durante as comemorações do dia de natal de 1.991, o mundo ocidental foi surpreendido pela notícia do fim da agonizante União das Repúblicas Socialistas Soviéticos – U.R.S.S., criado em 1.922, protagonista principal da luta contra o capitalismo selvagem e a desigualdade entre ricos e pobres, disputou contra os E.U.A., a polarização da liderança mundial no campo da política, do poder, da economia, nas organizações da estruturas sociais, na educação, etc..., em fim um sistema alternativo ao estilo de vida americano que imperava no ocidente.

Por óbvio, sob a óptica ocidental, traçamos as especulações dos motivos e das conseqüências da “falência” do mundo comunista soviético, especialmente depois de serem liberadas algumas das informações confidenciais do regime que ficavam escondidas sob a égide da cortina de ferro.

Foi por meio de seu Presidente Nikita Kruschev (ou Krushchov), que o mundo ocidental teve seu primeiro contato com as mazelas do regime autoritário de Stálin, fazendo as divulgações de algumas atrocidades humanitárias do regime stalinista, bem como sua corrupção no meio burocrático.

O relatório Kruschev anunciado no vigésimo congresso da internacional socialista em 1.956, abalou o mundo idealizado por muitos intelectuais e entusiastas da nova ideologia propagada pela mãe Rússia, promovendo cisões idealistas inclusive no Brasil, com a divisão política do ideário comunista entre PCB e do PC do B.

Além disso, o milagre econômico da era Stálin propiciado pela política autoritária e de anexação territorial de diversos paises parecia ter chegado a um entrave, especialmente com o fim da segunda guerra mundial e do início da guerra fria.

A U.R.S.S. teve que lidar com os problemas criados pela sua própria estrutura administrativa que aparelhou o Estado com uma burocracia administrativa e militar excessiva, privilegiando seus líderes, membros do Partido Comunista, em detrimento do operariado e dos camponeses que trabalham para sustentar a casta dominante dos “novos patrões”.

Com a implantação da guerra fria, o mundo ficou na observância da polarização de dois blocos políticos e econômicos, um comunista, liderado pela União Soviética e outro capitalista, guiado E.U.A. e Inglaterra, com seus paises alinhados, disputando o espaço geográfico como num jogo de conquistas que mediam forças com o aparelhamento militar, desenvolvimentos científicos, sociais e culturais, disputas nos esportes, corrida espacial, etc... tudo muito bem alardeado por meio de propaganda política para criar um clima de disputa pela superioridade ideológica.

Entretanto a propaganda não podia por si só, enganar a realidade que vinha se desvendando em Berlim, ocasionando a fuga de milhares de pessoas do lado comunista para o lado capitalista, resultando na construção de uma das maiores cicatrizes da humanidade, o famigerado Muro de Berlim.

Relata Blainey (2.009, p. 214):


"Como um oásis cercado por territórios comunistas, Berlim Ocidental era cada vez mais o destino de alemães do leste em busca de melhores níveis de vida, da luzes da cidade grande e de liberdades individuais. O número de fugitivos chegava a 10 mil por mês. Como a Alemanha Oriental havia perdido 2 milhões de habitantes em uma década, seu parlamento (o Volkskammer) encontrou um solução. Resolveu, com o consentimento de Krushchov, colocar guardas em torno de toda a circunferência da área de Berlim Ocidental. Na madrugada do dia 13 de agosto de 1961, sem qualquer aviso, os comunistas começaram a construir uma larga proteção de arame farpado em torno de Berlim Ocidental."


Esse episódio retrata bem a decisão política do U.R.S.S. em se fecharem ao mundo Ocidental, tanto no âmbito político e econômico, estendendo uma longa “cortina de ferro” para o restante do mundo.

Com a chegada de Mikhail Gobartchov à presidência da União Soviética em 1.985, e a implantação das reforma econômicas que ficaram conhecidas por Perestroika, bem como a abertura política chamada Glasnost, a “cortina de ferro” começou a ser descerrada, voltado-se os olhares do mundo para uma imensidão geográfica que estava isolada, vindo à tona mazelas sociais que existiam na sociedade dos operários e camponeses.

Como um câncer que silenciosamente infecta e se dissemina nos corpos doentes, a corrupção propiciada por um sistema burocrático estatal gigantesco, o desemprego (o que não deveria ocorrer num regime comunista), o desabastecimento, a quebra dos meios de produção agrícola, os gravíssimos problemas ambientais e ecológicos como os ocorridos no Mar de Araal, os crimes conta humanidade cometidos em nome do povo, a falsificação de dados de crescimento, a disseminação das drogas e do alcoolismo, e até mesmo a prostituição, dentre outros problemas, nocautearam o ideário da revolução de 1.917, sendo um balde de água fria aos defensores dos regimes socialistas no ocidente.

Assim, as mazelas sociais alardeadas como causas do estilo decadente da vida capitalista, estavam mais que presentes no mundo comunista, que muitos acreditavam como a única opção para o futuro de uma sociedade regada pela justiça social.

Além desses fatos, ficou plenamente demonstrado que as corridas armamentista e espacial, foram desproporcionais à capacidade econômica, sacrificando verbas e prioridades públicas que deveriam ser direcionas a população desses paises, em detrimento de devaneios megalomaníacos da conquista do poder.

Os fatos expostos ao mundo servirão para fortalecimento da política econômica chamada de “neoliberal”, coroando os paises capitalistas com exemplo a ser seguido no mundo, e que vem perdurando, de crise em crise, como modelo até os presentes dias.

Entretanto fim amargo da experiência comunista na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas levados pela falência econômica e institucional, não põe fim ao comunismo no mundo, servindo a China com exemplo desse modelo, que apesar de possuir um regime político duro e fechado, sem respeito aos direitos humanos, abraça o capitalismo como forma de integração ao regime comunista, garantindo divisas ao País num futuro muito promissor.

Essa será sem dúvidas uma das principais vias de discussão no futuro do mundo globalizado: o regime comunista como parte integrante, e totalmente adaptado a um mundo capitalista.

Referências

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2009.

SILVA, Fábio Luiz da. História do Contemporânea II. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

SOUSA, Rainer. Fim da União Soviética. Brasil Escola. Endereço Eletrônico: < http://www.brasilescola.com/historiag/urss.htm>. Acessado em 04/06/2010, às 8:00 horas.

HISTÓRIA POLÍTICA: ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS 2010.

Eleições presidenciais de 2.010!

O anúncio dessa frase tem grande efeito, especialmente para os milhares de brasileiros que acompanharam a caminhada recente da re-democratização em nosso País.

Apesar da curta história de democracia, o povo brasileiro vivencia hoje, podemos dizer que a partir destas eleições, o País passará por uma das principais guinadas na sua vida política.

Pode parecer mera especulação, porém não é leviano sentir que com o fim do Governo Lula, juntamente com a abertura para um novo páreo de escolha democrática do governante da nação, deixa uma agradável sensação de página virada na nossa história.

No pós-Lula, o Brasil vislumbra um novo horizonte de perspectivas políticas, libertando-se do mau agouro dos primeiros anos de re-democratização, frustrações como a derrota na campanha das “Diretas Já”, a morte do Presidente eleito, Tranquedo Neves, planos econômicos mirabolantes, hiper-inflação, “fiscais” do Sarney desapontados, o processo de impeachment do Presidente Collor, anões do orçamento, e tantos outros fatos que frustraram as expectativas do eleitor.

A estabilização da moeda, ainda no Governo de Itamar Franco, e início de umas novas visões administrativas, chamadas de neoliberal pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, inseriu novamente o Brasil num contexto de importância econômica no mundo da globalização.

Isso levou a população brasileira começar a experimentar o gostinho do consumo, além da popularização das “novas tecnologias”, algumas nem tão novas assim como no caso da telefonia, dando novos ares de inclusão de algumas camadas sociais menos abastadas, além de possibilitar o assalariado fazer um planejamento mais cuidadoso de como gastar seu salário.

Já o temido Governo Lula, do Partido dos Trabalhadores, que fora visto por muitos como uma ameaça concreta, trouxe ao País o benefício de demonstrar sua solidez democrática, vez que o PT havia se recusado a assinar e reconhecer a Constituição Federal de 1.988 legítima, aceitou as regras do jogo democrático, e de certa forma trouxe um alívio a apreensão que pairava envolto de fumaça, especialmente no que se diz respeito ao direito de propriedade, globalização, mercado internacional, dívida externa, etc...

Ao contrário do governo antecessor, o governo PTista assume uma postura mais centralizadora do poder estatal, reativando inclusive velhos dinossauros que serviam de reduto eleitoreiro, apelando para uma imagem mais populista.

Essa breve contextualização da história recente do País se faz necessária para que possamos entender melhor a importância do momento democrático em que vivemos, especialmente quando transparece a idéia que os acontecimentos necessários para o amadurecimento da re-democratização do Brasil, chegou em seu ápice 25 (vinte e cinco) anos após a tão sonhada abertura prometida por João Figueiredo.

O que parecia inatingível estará materializado com essa eleição de 2.010, cabendo aos futuros Presidentes respeitarem as conquistas de liberdade e igualdade social atingidas, mesmo que ainda estejam muito aquém da necessidade da nação.

Muito provavelmente haverá uma polarização na campanha eleitoral, entre a pré-candidata Dilma Rousseff da situação governista, e do pré-candidato tucano José Serra como alternativa oposicionista, por isso decidimos tentar fazer uma breve resenha de ambos os candidatos.

Ambos os candidatos representam as esquerdas brasileiras, que vem governando o País desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, o tucano socialista que levou o Brasil a uma política neoliberal, com forte perfil descentralizador, promovendo privatizações e retirando a maquina administrativa governamental de vários setores.

É nesse contexto de governo, que o pré-candidato José Serra assumiu como Ministro da Saúde no Governo FHC, teve a ousadia de quebrar as patentes dos remédios que auxiliam no tratamento da AIDS, criou também os chamados remédios genéricos que ajudou a combater os preços.

Por sua vez, sua adversária Dilma Rousseff, atuou como Ministra da Casa Civil (2005) de Luiz Inácio Lula da Silva, após a dramática saída de seu antecessor José Dirceu com os escândalos de corrupção, e anteriormente exercia a pasta de Minas e Energia (2002), que de certa forma assumiu um caráter desenvolvimentista.

O candidato José Serra, foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), se auto-exilando no Chile, e posteriormente nos E.U.A., com uma rica formação acadêmica na área da economia.

Atuou com professor universitário, e na carreira política foi eleito como Deputado Federal pelo Estado de São Paulo na constituinte de 1988, posteriormente Senador, Prefeito da Cidade de São Paulo e Governador do Estado de São Paulo.

Por sua vez a pré-candidata Dilma Rousseff, no tempo da ditadura militar entrou para clandestinidade, lutando em busca de uma revolução comunista no Brasil, agiu em diversas ocasiões nas ações dos movimentos armados.

Também possui formação acadêmica em economia, e posteriormente a abertura política, ingressou no PDT, participando de algumas administrações PTistas e PDTistas no Estado do Rio Grande do Sul.

Uma das principais diferenças entre os candidatos é que José Serra tem bastante experiência no pleito eleitoral, perdendo inclusive a última eleição presidencial para Lula, enquanto a candidata Dilma Rousseff, apesar de estar inserida nos bastidores da administração pública, jamais participou ou foi eleita em cargo público eletivo.

Apesar das convicções políticas e da carreira pessoal de cada candidato, nos eleitores estamos para ver se de fato o populismo do Presidente Lula será capaz de transferir os votos necessários para a campanha da candidata Dilma.

Entretanto uma coisa é certa: Um eventual governo da Presidenta Dilma Rousseff não será a continuidade do Governo Lula, assim como o possível Governo de José Serra não será também a continuidade do Governo FHC, pois ambos os candidatos possuem ambições e características próprias, que de certo surpreenderão seus antecessores.

Referências

JUNIOR, Dirceu Casa Grande. História do Brasil IV. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

CONSTANTINO, Rodrigo. Serra ou Dilma? A escolha de Sofia. Blogger.com, postado em 18/12/2009. Fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009/12/serra-ou-dilma-escolha-de-sofia.html Acesso em 14/05/2010, às 15:00 horas.